Sunday, 27 January 2013

Na Medina



Apanhámos o 115 de Yasmin Hammamet para o centro da cidade. Passarinhamos por ali, vimos praias, monumentos, lojas de especiarias, galerias de arte, e os cafés típicos com narguilés e chá de menta com pinhões. Sentíamos toda aquela atmosfera a correr-nos nas veias. Ufa! Estava exaurida, e repetia incessantemente: “Piiidro. Doem-me os pezinhos”. Sem sucesso. Continuei a ser arrastada, desta vez pela Medina velha adentro. Por entre queixumes, oiço alguém dizer: “la petite marche!” Incrédula, perguntei: “o que é que o gajo está a dizer? Que eu estou a andar devagar?” Depois das toneladas de quilómetros que eu fiz, estou de rastos. Estranhei o silêncio do Pedro e insisti: “Piidroooo. O que é que o gajo estava a dizer? Que eu sou caga-tacos? Ganda estafermo!!!” O Pedro continuava a rebocar-me como se eu fosse um saco de batatas, até que me disse:” bolas, Maria, não podíamos estar a discutir junto deles”. – O gajo estava a gozar comigo porque eu ando devagar? – Não. Disse simplesmente algo como “a pequena já marchava”. Fiquei furiosa. Sabem que mais? Nada melhor que uma afronta para uma boa descarga de adrenalina e recuperarmos as energias.


Monday, 21 January 2013

Aventuras tunisinas



Shisha verde

Acabados de chegar ao Hotel, e depois de nos instalarmos, decidimos dar uma volta a pé. Andámos, andámos, andámos, até que chegámos à Medina nova de Hammamet. Uau! Coisas tão lindas e diferentes. Pois é: mas não estávamos habituados à melguice dos vendedores. Só queríamos beber um sumo de laranja natural que nos tinha sido prometido à entrada, mas acabámos aprisionados numa das lojecas, em que um “puto”, queria porque queria que levássemos qualquer coisa. Ele era lâmpadas de Aladino, frascos com fragrâncias, “olhos” contra o mau-olhado, placas com os nossos nomes escritos em Árabe, uma infinidade de coisas sem utilidade nenhuma. Depois de muitos “nãos”, e de explicarmos que só nos queríamos refrescar, fomos confrontados com o dono da loja, que estava com dificuldades em aceitar que não quiséssemos nada da sua “casa”, que tinha de tudo. Comecei a ficar apreensiva, e pensei: ok, vou levar tabaco para o narguilé. Assim, deixa-nos em paz. Perguntei então, em Português: “Shisha vende”? Respondeu com outra pergunta: “grande ou pequeno?”. Pensei que se levasse uma embalagem grande, ele ficaria feliz, e nós estaríamos abastecidos. Apontou então para um narguilé verde enorme e óooorrível. Começo a aperceber-me da atrapalhação do Pedro, e sem perceber, perguntei-lhe: “Então? O que é que se passa?”. Ao que respondeu: - não podias ficar calada? Isto até que não estava a correr mal de todo.” Pedi que lhe explicasse que o que procurávamos era uma embalagem grande de tabaco, em vez da “Shisha verde” que nos queria impingir. Mas, ele não entendeu. Estava furioso, aos saltos nos seus chinelos. Pensei: “vamos ser assassinados. O que vale é que o meu irmão chega depois de amanhã e vai dar pela nossa falta”. Conseguimos escapar desta graças ao Pedro.

Já era altura de aprender a ficar calada!


Sunday, 13 January 2013

A ciência do incenso

Quando queres impressionar um potencial namorado, acendes velas, serves espumante, e pões incenso a queimar, certo? Dada a minha dificuldade, e a minha mania de complicar (não me explicar bem, segundo os amigos), pedi-lhe: Pedro, acendes um incenso? É muito simples! Acendes o fósforo, encostas ao pau de incenso. Quando estiver incandescente, sopra até apagar. Ficámos em silêncio. Eu expectante, perguntei: ”já está incandescente?” ao que me respondeu: “sim”, soprando em seguida. Mas nada de aroma. Volto a insistir: “está a deitar fumo?” – O quê? – O pau de incenso. – Não. – Então, vais ter que fazer tudo outra vez: acendes o fósforo, encostas ao incenso, e quando estiver incandescente, apagas. Mas nada. O raio do pau de incenso, não deitava cheiro nem por nada! Sem perceber o que se passara de errado, pedi-lhe que me explicasse. Disse então:  “acendi o fósforo, e quando ficou incandescente, apaguei-o”.  Eu fiquei incrédula a olhar para ele e a pensar: “estou perante uma aberração da natureza. Nenhum “ambiente” resiste a isto. Desatei a rir, e exemplifiquei como se fazia.


Monday, 7 January 2013

Feira (Nova) Bipolar


Há décadas que a Feira Popular tinha os dias contados. Á boa maneira da relatividade de Einstein, esses “dias” pareceram particularmente longos. Muito se especulou sobre a construção de um novo parque de diversões. Da mesma forma, muitos foram os destinos avançados para o espaço a ser libertado. Começou por ser mais uma cratera cheia de entulho que ameaçou tornar-se uma parte permanente da paisagem. Serviu apenas para afixar publicidade a toda a extensão do recinto. Mas que se passa desde há 3 anos?! Não é que no lugar da velha, aparece agora uma nova, provisória e improvisada “Feira Popular”? O que terá passado pelas cabecinhas pensantes que gerem esta cidade? Do meu exercício de especulação, sai o seguinte (aceitam-se sugestões alternativas): “A Feira Popular está mal onde está. Ficava bem melhor feita de novo na periferia, com mais espaço e melhores condições. Assim, liberta-se o espaço que pode ser útil para outras coisas. Para quê? Logo se vê”. Anos mais tarde, alguém deve ter tido a ideia brilhante: “o que ficava mesmo bem aqui era uma… Feira Popular. Como é que ninguém se lembrou disso antes?!”.


Tuesday, 1 January 2013

Bye bye 2012


2012 foi tão merdoso que, em comparação, 2013 será certamente um bom ano. Para já, o convívio com a Troika parece ser a única certeza. Apesar disso, esperamos que a crise seja de facto para muitos a oportunidade que necessitam para dar um novo sentido à vida. Que seja realmente um ponto de viragem, como preconizaram os Maias, e o início de novas e substantivas realizações.