Sunday 30 December 2012

Madrid: 2001/2002



Ao som das 12 badaladas, na Puerta del Sol a comer uvas frescas e a beber Champagne, eu e o Jorge, ainda tínhamos os bolsos cheios de passas de uvas e pinhões, além de uma imensa vontade de dançar pela noite dentro. Depois de emborcar o resto do flute, corremos para a zona das discotecas, onde já alguns amigos se encontravam e onde iríamos aguardar pelo resto do grupo. Tudo parecia bem: o meu vestido “cai-cai”, os meus saltos altos… bem, mais ou menos. Um deles partiu-se, e tive que andar o resto da noite com um “salto virtual”. Mis tacones lejanos nó me han estropeado la noche. Dancei até ao amanhecer. Percorrendo a Gran Via em direcção ao Metro, o meu salto virtual continuava “firme e hirto” até que cheguei às escadas rolantes. Como prefiro entrar sozinha nas escadas e o Jorge me estava a agarrar, repeti uma frase que tinha ouvido algumas vezes nesses últimos dias: “el hombre que no me deja. Deja-me hombre!”. Remédio santo! O Jorge largou-me. Ao entrar nas escadas, desequilibrei-me e caí para cima do corrimão. Parecia um automóvel desgovernado, com as gadelhas todas nos olhos. Retomei a compostura, saí das escadas, e comentei: “Se é para dizer alguma coisa em estrangeiro, convém que faça sentido”.
Feliz Ano Novo!


Sunday 23 December 2012

Um Natal aos soluços



A altura não podia ser melhor: Noite de consoada. Após a ceia, saímos de casa dos meus pais a caminho de Lisboa. Poucos quilómetros depois, o carro começa a falhar, até parar totalmente na estrada nacional, sem dar qualquer sinal de “vida”. Ficámos parados no meio de nenhures, com 2 graus negativos, e sem ver a ponta de um chavelho. Olhámos um para o outro, e pensámos: “OK. Vamos passar uma bela noite de Natal aqui aconchegados”. Após alguns momentos em silêncio, o Pedro diz: “Bem. É melhor avisares o teu irmão Carlos”. Liguei-lhe e expliquei-lhe a situação, tendo-se prontificado a ir-nos buscar e rebocar o carro. Grande tourada! Imaginem o que é rebocar um “tanque” de quase 2 toneladas com uma subida pelo meio. Uma vez ultrapassada esta epopeia, descanso merecido. Tivemos que pernoitar em casa dele. No fim do dia seguinte, regresso a casa. Um encosto de bateria para nos aguentar, e lá partimos à aventura. Como habitualmente, continuámos pela nacional. A meio caminho para a auto-estrada, tivemos que encostar à berma, apagámos as luzes, e demos umas aceleradelas, o suficiente para a situação normalizar e podermos seguir caminho. Na auto-estrada, tivemos que optar entre ter luzes e andar. Com as luzes acesas, o carro ameaçava ficar pelo caminho a qualquer momento. Desligadas as luzes, disparava como um foguete! O método “resultou” até à chegada a Lisboa, onde tivemos que encostar mais uma vez e acelerar sem luzes. Entretanto, exclamei: “Pidro. Encosta na estação de serviço para comprar tabaco”. – Maria. Vais ter que ir tu. Não posso desligar o carro, senão, não chegamos a casa! – “Do not preocupated”. Uma vez lá, saio do carro, e contorno-o às apalpadelas. Chego à janela do Pedro e pergunto: “viro-me de costas para ti e é sempre em frente?! Disse que sim. Perguntei se tinha degraus. “Um a subir”, respondeu. Seguidas as indicações na perfeição, esbarrei no vidro de proteção. Olhei em frente, encostei o nariz ao vidro, afastei, em busca do orifício para falar. Ao mesmo tempo, toquei com as mãos no orifício abaixo. Debrucei-me e falei para lá. Assim, tinha a certeza de que o senhor me estava a ouvir. Entretanto, ouvia atrás de mim, o Pedro a mandar aceleradelas na tentativa de manter o motor a trabalhar. De volta ao carro, o Pedro explicou-me que havia um orifício próprio para falar e que estava a utilizar o de câmbio para a comunicação. Não explicam! Querem que uma pessoa adivinhe!
O que a malta fazia pelo vício. Imagino o que não deve ter passado pela cabeça do funcionário: “o gajo quer tabaco, manda a “ceguinha”, dando instruções como se se tratasse de um carro telecomandado e ainda se mete a acelerar, impaciente! Granda maluco!”


Saturday 15 December 2012

Jantar de Natal


Mais uma vez, o jantar da praxe. Calhou-me desta fazer a marcação. Mesa para 12. Nessa noite, eu e o Pedro, todos pipis, chegámos ao restaurante e ele comenta que um amigo vinha a sair. Cumprimentou-o. Fiz um sorriso e disse “olá”, sem saber com quem estava a falar. Entretanto, oiço a pergunta: “vieram jantar?”. Ao que eu respondi: “sim. Temos mesa reservada para 12 pessoas”. O Pedro sobrepôs a minha voz, e exclamou: ”não!” Olhei para ele, completamente baralhada, e insisti: “sim. Uma mesa para 12, reservada em nome de Maria Cleópatra”. Volto a ouvir um “não” redondo. Perante o meu olhar perplexo, ele decide explicar: “Não, Maria, é o tio do Tó”. Percebi finalmente que não estava a falar com o empregado de mesa, mas com um amigo do Pedro e um tio dele, que saiam do mesmo restaurante.
Nem o Natal perdoa as minhas confusões!
Já agora, aproveitamos para desejar um Feliz Natal, e Boas Festas pelo corpo todo. Ho, Ho, Ho!


Sunday 9 December 2012

Donde estas Juanita?



Regresso da praia, ao fim da tarde. Ao longe, ouvimos música. Esta, conhecemos bem. Ou assim pensamos. Disse: “Olha Pedro. Madonna”. E começo a cantarolar: “na na na na na na na… donde estas juanitaaa”. O Pedro parou. Petrificou. Esganou-se todo, e perguntou: “o que é que disseste?!”- Então, Pedro. A música da Madonna: Donde estas Juanita. Não conheces?!” Escusado será dizer que se cagou a rir! E ainda me pergunta: “estás a falar a sério?!” Fiquei preocupada. O que é que eu tinha dito de mal?! Com pezinhos de lã, comecei a tentar perceber.: “estás-te a rir do quê? Disse alguma coisa de mal?” Sem conseguir falar, continuava a rir, sem parar. - Estás a falar de “La Isla Bonita”? Senti-me uma criança de 5 anos, apanhada a roubar um chupa-chupa. Meu Deus. Com era possível?! Toda a minha vida a pensar que a canção era dedicada a uma espanhola Juanita., E eu ali tão pequenina na minha ignorância, ao lado de um gajo tão bom em línguas. Que vergonha. Nunca mais iria ser capaz de olhar para ele. Continuamos a andar, de mãos dadas. O Pedro, escancarado a rir. Pensava: vou-lhe largar a mão. Não quero saber. Mas depois reflectia: Se lhe largo a mão, não vejo o caminho. Tinha que acabar com o gozo. Simulei um amuo. Ele abraçou-me e beijou-me. Disse-lhe: não sei o que viste em mim. Ele responde: “tu és única”. – Só se for na parvoíce, respondo. Ele remata: “és a única pessoa que conheço a interpretar Madonna dessa forma”. Rimo-nos e seguimos caminho.
Dias depois, numa loja mexicana, vimos um espanta espíritos enorme em bambu, cujo som lembrava o chocalho de uma vaca. Exclamei: “Piiidrooo!!! Olha a Juanita. Vamos levar!”. Acho que o Pedro é um Homem feliz. Afinal, tem-me a mim, e à Juanita.