Estávamos em Novembro. O G20 iria realizar-se em Lisboa,
pelo que a segurança nas ruas era visivelmente reforçada. Preparava-me para
sair de casa para participar num congresso. Pensava: ” o que vou calçar? Se
levo os botins, são mais confortáveis mas usados, e levar as de cano alto na
mala torna-se uma tarefa árdua. Se por outro lado levar estas calçadas, iria
ser um suplício aguentá-las o dia todo devido à altura dos saltos. Mesmo assim,
resolvi levá-las, salvaguardando-me com os botins dentro da mala. Como sempre,
eu e a Isabel estávamos atrasadas, e apanhamos o autocarro errado. Saímos na
ponta oposta à que queríamos. Pensei: “Ok. Vou ter que andar bastante. Espero
não mandar um trambolhão”. Saltitávamos alegremente de braço dado, entre as
poças de água e as minhas botas “supé-chiques” estavam a portar-se bem. Porém,
ao fim de algum tempo, disse à Isabel: “achas que é muito mau mudar de botas no
meio da rua? Perguntou: ”aqui”? - “Sim.
Porque não?”. Ao que respondeu: “acho que não faz mal”. E eu perguntei-lhe:
“Está muita gente a passar? Achas que vão ficar a olhar?” Ela disse: “Caga
nisso. Despacha-te”. Pus-me de cócoras. Fiz algum malabarismo, e lá consegui
trocar de botas sem incidentes. Fizemos o resto do caminho em passo acelerado.
Agora, bem mais confortável, mas com a mala a abarrotar. Antes de entrar no
Hotel onde se iria realizar o congresso, voltei a trocar de botas. Lá estava
eu, linda e maravilhosa, em cima dos saltos. Só mais TARDE a Isabel revelou que
estive de cócoras a trocar de botas, em frente da embaixada dos E.U.A. com
camaras de vigilância apontadas, para não falar da quantidade de seguranças
armados a olhar para mim. Que vergonha! O que será que pensaram? Que iria sacar
de uma bomba da bota, ou que era simplesmente doida varrida?
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