Sunday, 25 November 2012

Manobras de diversão


Estávamos em Novembro. O G20 iria realizar-se em Lisboa, pelo que a segurança nas ruas era visivelmente reforçada. Preparava-me para sair de casa para participar num congresso. Pensava: ” o que vou calçar? Se levo os botins, são mais confortáveis mas usados, e levar as de cano alto na mala torna-se uma tarefa árdua. Se por outro lado levar estas calçadas, iria ser um suplício aguentá-las o dia todo devido à altura dos saltos. Mesmo assim, resolvi levá-las, salvaguardando-me com os botins dentro da mala. Como sempre, eu e a Isabel estávamos atrasadas, e apanhamos o autocarro errado. Saímos na ponta oposta à que queríamos. Pensei: “Ok. Vou ter que andar bastante. Espero não mandar um trambolhão”. Saltitávamos alegremente de braço dado, entre as poças de água e as minhas botas “supé-chiques” estavam a portar-se bem. Porém, ao fim de algum tempo, disse à Isabel: “achas que é muito mau mudar de botas no meio da rua? Perguntou: ”aqui”?  - “Sim. Porque não?”. Ao que respondeu: “acho que não faz mal”. E eu perguntei-lhe: “Está muita gente a passar? Achas que vão ficar a olhar?” Ela disse: “Caga nisso. Despacha-te”. Pus-me de cócoras. Fiz algum malabarismo, e lá consegui trocar de botas sem incidentes. Fizemos o resto do caminho em passo acelerado. Agora, bem mais confortável, mas com a mala a abarrotar. Antes de entrar no Hotel onde se iria realizar o congresso, voltei a trocar de botas. Lá estava eu, linda e maravilhosa, em cima dos saltos. Só mais TARDE a Isabel revelou que estive de cócoras a trocar de botas, em frente da embaixada dos E.U.A. com camaras de vigilância apontadas, para não falar da quantidade de seguranças armados a olhar para mim. Que vergonha! O que será que pensaram? Que iria sacar de uma bomba da bota, ou que era simplesmente doida varrida?


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