Sunday, 23 December 2012

Um Natal aos soluços



A altura não podia ser melhor: Noite de consoada. Após a ceia, saímos de casa dos meus pais a caminho de Lisboa. Poucos quilómetros depois, o carro começa a falhar, até parar totalmente na estrada nacional, sem dar qualquer sinal de “vida”. Ficámos parados no meio de nenhures, com 2 graus negativos, e sem ver a ponta de um chavelho. Olhámos um para o outro, e pensámos: “OK. Vamos passar uma bela noite de Natal aqui aconchegados”. Após alguns momentos em silêncio, o Pedro diz: “Bem. É melhor avisares o teu irmão Carlos”. Liguei-lhe e expliquei-lhe a situação, tendo-se prontificado a ir-nos buscar e rebocar o carro. Grande tourada! Imaginem o que é rebocar um “tanque” de quase 2 toneladas com uma subida pelo meio. Uma vez ultrapassada esta epopeia, descanso merecido. Tivemos que pernoitar em casa dele. No fim do dia seguinte, regresso a casa. Um encosto de bateria para nos aguentar, e lá partimos à aventura. Como habitualmente, continuámos pela nacional. A meio caminho para a auto-estrada, tivemos que encostar à berma, apagámos as luzes, e demos umas aceleradelas, o suficiente para a situação normalizar e podermos seguir caminho. Na auto-estrada, tivemos que optar entre ter luzes e andar. Com as luzes acesas, o carro ameaçava ficar pelo caminho a qualquer momento. Desligadas as luzes, disparava como um foguete! O método “resultou” até à chegada a Lisboa, onde tivemos que encostar mais uma vez e acelerar sem luzes. Entretanto, exclamei: “Pidro. Encosta na estação de serviço para comprar tabaco”. – Maria. Vais ter que ir tu. Não posso desligar o carro, senão, não chegamos a casa! – “Do not preocupated”. Uma vez lá, saio do carro, e contorno-o às apalpadelas. Chego à janela do Pedro e pergunto: “viro-me de costas para ti e é sempre em frente?! Disse que sim. Perguntei se tinha degraus. “Um a subir”, respondeu. Seguidas as indicações na perfeição, esbarrei no vidro de proteção. Olhei em frente, encostei o nariz ao vidro, afastei, em busca do orifício para falar. Ao mesmo tempo, toquei com as mãos no orifício abaixo. Debrucei-me e falei para lá. Assim, tinha a certeza de que o senhor me estava a ouvir. Entretanto, ouvia atrás de mim, o Pedro a mandar aceleradelas na tentativa de manter o motor a trabalhar. De volta ao carro, o Pedro explicou-me que havia um orifício próprio para falar e que estava a utilizar o de câmbio para a comunicação. Não explicam! Querem que uma pessoa adivinhe!
O que a malta fazia pelo vício. Imagino o que não deve ter passado pela cabeça do funcionário: “o gajo quer tabaco, manda a “ceguinha”, dando instruções como se se tratasse de um carro telecomandado e ainda se mete a acelerar, impaciente! Granda maluco!”


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